Levantamento realizado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) com base em informações da plataforma Smartlab do Ministério do Trabalho e Emprego a partir de registros do INSS, revelaram que as doenças mentais e comportamentais foram responsáveis por 55,9% dos afastamentos acidentários e por 51,8% dos afastamentos previdenciários dos trabalhadores do ramo financeiro do país em 2024.
O estudo mostrou também que, apesar de representar somente 0,8% do emprego formal no Brasil, a categoria bancária respondeu por 2,81% dos 168,7 mil afastamentos acidentários que ocorreram em 2024 dentre todas as categorias profissionais do conjunto da economia.
As doenças ou transtornos mentais são de longe hoje as que mais atingem os bancários, entre eles os funcionários do Banco do Brasil. Em segundo lugar estão as doenças conhecidas como Lesões por Esforços Repetitivos (LER) ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort), que até um passado recente eram os principais causadores de adoecimentos relativos ao trabalho entre os bancários e bancárias. Em 2024 as LER/Dort foram responsáveis por 20,3% dos afastamentos acidentários e 15,2% dos afastamentos previdenciários na categoria.
O que são os transtornos mentais
Os sintomas mais comuns de doenças ou transtornos mentais incluem alterações de humor (depressão, ansiedade, euforia, irritabilidade), alterações no pensamento (dificuldade de concentração, pensamentos obsessivos, delírios, alucinações), alterações no comportamento (isolamento social, agressividade, agitação, comportamento compulsivo) e problemas físicos (dores de cabeça, dores de estômago, fadiga inexplicável).
Combater essa verdadeira epidemia de adoecimentos mentais tem sido uma das principais bandeiras do movimento sindical nos últimos anos. Com base em vários estudos sobre psicologia do trabalho, as entidades sindicais atribuem a ocorrência desses transtornos aos modelos de gestão dos bancos, baseados na pressão extremada por cumprimento de metas e no assédio moral.
Em razão disso, o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban, que inclui o BB) criaram uma mesa específica de Negociação Nacional sobre Saúde Bancária. A primeira reunião foi realizada agora no dia 30 de junho.
O que os eleitos da Cassi propõem
“A discussão sobre saúde mental na categoria bancária carece de um planejamento integrado que envolva os planos de saúde, os SESMT, as Cipa e a Gestão de Pessoas, no caso do Banco do Brasil, em especial as Gepes”, avalia Alberto Alves Júnior, diretor de Planos de Saúde e Relacionamento com Clientes da Cassi.
“Não existe como avançar no cuidado sem considerar as diversas nuances que envolvem o problema, incluindo o preconceito e a preocupação com a carreira, e para tanto é fundamental que isso se inicie escutando os próprios funcionários. A atuação preventiva é fundamental nesse planejamento, com ações que reduzam o risco no ambiente de trabalho e que possibilitem o acolhimento imediato nas primeiras manifestações”, acrescenta Alberto Alves Júnior.
Na avaliação do diretor eleito da Cassi, “não podemos deixar de considerar que os elementos nocivos do trabalho também se estendem para o núcleo familiar, agravando ainda mais a condição do indivíduo e exigindo dos planos de saúde uma estratégia coletiva de assistência. É fundamental construir uma rede de apoio integrado e linhas de cuidados definidos para a saúde mental”.
Ele conclui: “Para mudar a principal causa de afastamento previdenciários de bancários, é preciso o envolvimento direto dos planos de saúde, dos bancos e dos funcionários. Com a participação ativa de todos, este cenário pode mudar rapidamente, para melhor”.