O 35º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, realizado em São Paulo nesta sexta-feira 22 de agosto, aprovou entre suas prioridades imediatas preservar a saúde dos bancários, pôr fim às causas de adoecimento no trabalho e construir um acordo com o BB visando obter uma solução perene para a sustentabilidade da Cassi.
Antes de votar o plano de lutas para o próximo período, o Congresso teve uma mesa específica para debater “Saúde e as negociações do custeio da Cassi”, que levou como expositores os diretores eleitos da Cassi Alberto Alves Júnior (Planos de Saúde e Relacionamento com Clientes) e Fernando Amaral (Risco Populacional, Saúde e Rede de Atendimento).
Também participaram do debate todos os dirigentes eleitos da Cassi e representantes de todas as entidades do funcionalismo que integram a comissão (Contraf/Comissão de Empresa, Anabb, FAABB, Contec e AAFBB) que está negociando um acordo de sustentabilidade da Caixa de Assistência com o Banco do Brasil. Saiba mais aqui.
Alberto Júnior abriu sua apresentação reafirmando que o Cassi Associados “é o melhor plano de saúde do país, pela cobertura de especialidades e pela extensão da rede nacional, e também é o que oferece o tratamento mais humanizado, voltado para a preservação saúde do participante e de sua família”.
Ele destacou ainda os novos projetos que estão sendo implementados visando melhorar o atendimento dos associados, como a Assessoria ao Participante, a nova Rede Referenciada para buscar os melhores prestadores, a Nova Rede do Interior e o convênio de reciprocidade com o Saúde Caixa.

Responsabilidade pelo desequilíbrio é do banco
Para o diretor de Planos de Saúde e Relacionamento com Clientes, “o Banco do Brasil é o maior responsável pelo déficit da Cassi”. Não apenas pelo aumento dos adoecimentos dos funcionários em razão da pressão cada vez maior por metas e pelo assédio moral, o que impacta a Cassi. Mas também por causa da política remuneratória do banco de reduzir a parte fixa do salário e aumentar a parte variável, sobre a qual não incide contribuição para o plano de saúde.
“Além disso tem ainda a inflação médica crescendo acima do salários”, acrescenta Alberto Júnior, apontando que a saída é os associados tomarem consciência disso e aumentarem a pressão sobre o BB para que ele assuma seus compromissos.
O diretor Fernando Amaral apresentou estudo mostrando que a Cassi não tem problema de gestão. Em razão do modelo de atenção integral à saúde dos participantes, argumentou ele, vem caindo o número de internações e as despesas do Plano de Associados têm crescido menos do que as projeções orçamentárias.
Amaral fez um resumo histórico da Cassi, que foi criada pelos funcionários do BB com o propósito de cuidar da saúde deles e de seus dependentes. Somente mais tarde o banco assumiu o patrocínio da Caixa de Assistência, por ser mais vantajoso do que oferecer planos de saúde do mercado.
O diretor de Risco Populacional, Saúde e Rede de Atendimento destacou que atualmente a Cassi conta com 178 participantes com 100 anos ou mais. A faixa etária com maior percentual (32,5% dos participantes) é a de mais de 59 anos. “Mesmo diante dos desafios para atender com qualidade todos os participantes, fomos capazes de economizar mais de R$ 3 bilhões entre 2019 e 2024. Porém, ainda precisamos lidar com o equilíbrio, porque a arrecadação do Plano Associado é menor do que o custeio”.
Mas ele defendeu que o problema não está com o modelo do plano, e sim com a queda da participação do Banco do Brasil no custeio da Cassi, ao longo dos anos. “A remuneração tem que ser conforme o que a gente produz. E a tecnologia tem que se a favor do ser humano. Nesse sentido, é possível melhorar a participação do banco no custeio da Cassi”, concluiu.
As propostas do 35º Congresso para a saúde e a Cassi
Ao final dos debates, os delegados e delegadas do Congresso do funcionalismo eleitos em todo o país aprovaram as seguintes proposições para preservar a saúde dos trabalhadores e garantir a sustentabilidade da Cassi:
- Os funcionários do BB devem seguir na defesa intransigente da Cassi, visando fortalecimento, e do modelo de autogestão e de patrocínio do banco.
- A forma de custeio não pode se basear somente na folha de pagamento. É necessária a busca de outras fontes de receitas oriundas do patrocinador. Com as premissas de aumento da contribuição patronal para 70%, sem aumento na contribuição do associado.
- A Cassi é para todos e deve ser garantida a isonomia de tratamento para os egressos dos bancos incorporados e funcionários que ingressaram no BB após a reforma estatutária de 2018.
- É de fundamental importância que o banco informe precisamente os dados do EPS (exame periódico de saúde) e do adoecimento profissional.
- Fortalecer e ampliar as CliniCassi e a rede credenciada.
- É necessário incluir a cirurgia de afirmação de gênero/redesignação sexual no rol de procedimentos da Cassi, custeadas pelo banco, com apoio das instituições no acolhimento de pessoas trans.
O 35º Congresso Nacional dos Funcionários do BB também aprovou resoluções em defesa da função pública do Banco do Brasil e da governança da Previ, melhoria das condições de trabalho, fim das metas abusivas e do assédio moral que adoecem os trabalhadores, novo concurso e fim das terceirizações.