O Setembro Amarelo, que desde 2014 vinha sendo lembrado como uma iniciativa englobando uma série de ações de prevenção ao suicídio, em especial baseadas na difusão de fake news, agora virou lei no Brasil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou nesta segunda-feira 8 de setembro a Lei 15.199/25, que torna oficial a campanha Setembro Amarelo e institui o dia 10 de setembro como Dia Nacional de Prevenção do Suicídio e o dia 17 de setembro como Dia Nacional de Prevenção da Automutilação.
Há uma década, a iniciativa partiu da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e do Conselho Federal de Medicina (CFM), a partir da definição do Dia Internacional de Prevenção ao Suicídio sugerida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Pesquisa realizada pela OMS em 2019 constatou que há mais de 700 mil casos de suicídio por ano em todo o mundo, mas estima-se que esse número seja de até 1 milhão. No Brasil, são notificados cerca de 14 mil por ano, ou seja, 38 pessoas em média cometem suicídio por dia no país.
A categoria bancária corre sérios riscos. Segundo levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), 57,1% das licenças de trabalho concedidas a bancários entre 2023 e 2024 foram consequências de transtornos mentais e comportamentais. No restante da população, 5,99% das licenças para tratamento de saúde foram motivadas por questões de saúde mental.
A lei sancionada pelo presidente Lula determina em seu artigo 1º que a campanha seja “realizada anualmente, no mês de setembro, em todo o território nacional, por meio de ações relacionadas à prevenção da automutilação e do suicídio”. E define no artigo 2º que durante a campanha Setembro Amarelo sejam realizadas atividades destinadas à conscientização sobre a saúde mental.
Gestão adoecedora
Para a Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), o aumento dos adoecimentos mentais na categoria se deve aos modelos de gestão dos bancos, onde os bancários são obrigados a conviver com metas abusivas, assédio moral, vigilância digital e pressão constante. O que leva a uma epidemia de ansiedade, depressão, síndrome do pânico e até suicídio. Segundo a entidade, o Setembro Amarelo é o mês de conscientização e prevenção ao suicídio, mas o tema precisa ser tratado o ano todo.
“O suicídio não é fraqueza individual. É consequência de uma soma de fatores, muitas vezes agravados pela organização do trabalho. Proteger a vida dos bancários exige solidariedade, acolhimento e luta coletiva contra o modelo de gestão que adoece”, afirma o secretário de Saúde e Condições de Trabalho da Contraf-CUT, Mauro Salles.
Principais causas do adoecimento psíquico entre bancários
• Metas abusivas e inalcançáveis;
• Assédio moral e sexual, inclusive organizacional;
• Controle algorítmico e vigilância excessiva (monitoramento digital, ranking de produtividade);
• Insegurança no emprego, reestruturações e demissões em massa;
• Sobrecarga de trabalho e jornadas prolongadas;
• Violência organizacional: culpabilização da vítima, isolamento, competitividade forçada.
Sinais de alerta
• Mudanças bruscas de humor e comportamento;
• Isolamento de colegas e familiares;
• Queda brusca de rendimento ou concentração;
• Queixas constantes de cansaço extremo, insônia, dores sem causa física aparente;
• Comentários sobre “não aguentar mais” ou ideias de morte.
O que fazer coletivamente
• Denunciar práticas de assédio moral e cobrança abusiva de metas;
• Procure o sindicato da sua base.
O que cada trabalhador pode fazer
• Não se isolar: converse com colegas de confiança, família ou sindicato;
• Procurar atendimento médico/psicológico o quanto antes;
• Acionar o sindicato em casos de assédio ou cobrança abusiva.
Apoio profissional gratuito
• CVV – 188 (Centro de Valorização da Vida) – atendimento 24h, sigiloso e gratuito;
• Serviços públicos de saúde mental (CAPS, UBS).
(Com informações da Contraf-CUT)